Falar em política brasileira e não falar em corrupção é, ingenuamente, quase que impossível. Sempre que tentamos colocar o assunto em discussão, alguém levanta e prontamente diz: “são todos corruptos. Não merecem nossa atenção”. Isso acontece, devido a permanente falta de confiabilidade da população com a classe politica. Uma vez que esses somente se aproveitam de seus cargos e, enquanto políticos, deixam suas atribuições para a prática de favorecimento próprio, dependendo apenas do momento quadrienal de eleitor do cidadão brasileiro. Tentando acabar com essa estigmatização da politica brasileira, o Ministério Público Federal, mandou ao Congresso Nacional, um pacote com medidas que, aproveitando o momento “lava jato” que o país tem passado, combatem e punem todos os envolvidos em crimes de corrupção.

O pacote que foi entregue ao Parlamento brasileiro em março desse ano, quando a então presidente Dilma Rousseff, anunciou num discurso simbólico no Palácio do Planalto, o recebimento e o repasse das medidas elaboradas pelo MPF para impedir e penalizar responsáveis por crime de corrupção na administração pública. O projeto que ganhou o nome de “pacote anticorrupção”, era composto por dez medidas, hoje, o pacote que tramita na Câmara Federal, onde já teve na ultima quinta feira (24), um parecer favorável às medidas aprovado, contêm doze medidas, sendo uma dessas estranhamente contestada pelos deputados federais. Tornar crime o famigerado “caixa 2” está dando o que falar, principalmente ao que diz respeito a uma anistia aqueles que já tiveram em suas campanhas eleitorais esse “segundo caixa”. Os deputados estão tentando de toda maneira impor ao projeto, uma emenda que dê a garantia de que ninguém seja enquadrado na medida. De acordo com o pacote, todo valor não declarado ao TSE e utilizado no período de campanha eleitoral, é considerado crime de “caixa 2” .Esta marcada para essa  terça feira (29), a votação em plenário das medidas. O presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesse domingo que, caso a emenda seja apresentada, a votação será nominal e no painel – sessão em que os votos dos deputados são apresentados no painel do plenário.

Fonte: O GLOBO
Há certa expectativa por parte da população para a aprovação das medidas. Os últimos dias houve uma enorme agitação da opinião pública em respeito do pacote. O tema, na ultima quinta (24), chegou a ser o assunto mais comentado nas redes sociais. Os usuários destilaram suas posições, que na sua maioria, foram contra as evidentes tentativas de anistiar os possíveis incriminados. Essas tentativas se dão pelo triste fato de termos entre os responsáveis por aprovar ou não o pacote, senhores e senhoras que, caso aprovada, a medida tornaria criminosos e logo teriam que ser punidos.

O famigerado “caixa 2” tem tirado o sono e o almoço dominical e familiar de alguns. Assim que viu a vigilância da população sobre os movimentos da Câmara em tentar anistiar todos os que poderiam ser enquadrados no “novo-velho” crime de “caixa 2”, o presidente da republica, Michel Temer, acompanhado dos presidentes da Câmara e Senado, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) respectivamente, se dispuseram a falar em pleno horário de almoço nesse domingo (27). Em entrevista coletiva, no Palácio do Planalto, os três assumiram um pacto em que não deixarão passar a emenda da anistia. Muito se fala que essa atitude não foi “de graça” – no popular. Há evidentes possiblidades de que já tenha acordos que, agora, deixariam de lado a anistia ao crime de “caixa 2”, no entanto os parlamentares teriam certas facilidades em votações de projetos  futuros. Oficialmente, nesse primeiro momento, essas facilidades se restringem ao modo em que ocorrerá a votação das medidas. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, para assegurar o acordo feito com o presidente Temer, já impôs que a votação amanhã será nominal e no painel, ou seja, muitos já falam que dessa maneira é impossível que a emenda da anistia passe e seja aprovada, além de que saberemos como os deputados votarão. Porém já há boatos de que as próximas sessões não seguirão esse rito. Se não houver pressão popular as próximas serão secretas e na surdina.  

Renan Calheiros, presidente do Senado; Michel Temer, presidente da República e Rodrigo Maia, presidente da Câmara, em entrevista coletivo no Palácio do Planalto, no ultimo domingo (27); Foto: O POVO
Redobrar a atenção sobre as ações do Governo Temer nunca é demais. Certamente Michel Temer vive uns dos momentos mais tensos desde que foi conduzido ao Palácio do Planalto. Os últimos dias não foram tão fáceis assim para ele. A saída de Marcelo Calero e Geddel Vieira Lima, da maneira que foi, com certeza muito colaboraram para esse acordo em não anistiar ninguém. Até pedido de impeachment já foi entregue, pela bancada do PSOL, a Câmara Federal. Temer, mais do que nunca, precisa caprichar na ceia de natal, pois a sua base aliada está mais esfomeada do que nunca.
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É Claudio, esse discurso de que o governo é contra medidas que beneficiariam sua base de apoio é tudo balela. Isso se deu por uma forte pressão da opinião pública e de todos os lados, da Esquerda e até da Direita que derrubou Dilma. Mas como tu bem coloca, se a anistia não ocorrer, a conta será cobrada com mais negociatas, como sempre, a população sairá perdendo, seja no menos pior ou no pior cenário.

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