Enquanto a Chapa esquenta e a Previdência preocupa, Temer sanciona aquilo que, segundo ele, fará o índice de desemprego cair
 
Se o ano, passados pouco mais de três meses, não tem se mostrado favorável para o Governo Temer, a semana que se inicia detém todos os ingredientes para piorar, ainda mais, esse panorama.  Depois de ter sancionado o projeto que permite a terceirização irrestrita, Temer enfrentará, nessa terça-feira (04), o inicio do inédito julgamento de uma Chapa presidencial pelo TSE e, se ainda houver o amor platônico pela Reforma da Previdência, terá de fazer modificações em seu texto para que ela siga no Congresso Nacional.  
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Sancionada no ultimo dia do mês de março, sexta-feira (31), a terceirização irrestrita, ou seja, sem distinção entre atividades-meio e atividades-fim, já pode ser colocada em pratica pelos tais empregadores, os papagaios desse Governo. O projeto aprovado e sancionado, além de tirar a obrigatoriedade do registro na Carteira de Trabalho, facultativa o pagamento de qualquer um dos direitos assegurados pelas CLT. Entretanto, a aprovação como se deu, com os seus míseros e preocupantes, para o Governo, 238 votos da Base que há tempos não está tão aliada, anda inquietando o presidente, já que para a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara, ele precisará de sua Base completa. A Reforma, por se tratar de uma Emenda, exige uma votação favorável mínima de 308 votos para seguir ao Senado. Para isso, Temer tem costurado de todos os lados, especialmente com o apoio do deputado Federal, Arthur Maia (PPS-BA), o relator da Reforma na Câmara, numa tentativa de estancar a recente ruptura de seu partido, o PMDB. Desde que Temer anunciou a indicação de Moraes ao STF, Aloysio Nunes para as Relações Exteriores e, principalmente, quando houve a nomeação do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça, enquanto boa parte do partido, representado à época pelos mesmos deputados que hoje Temer tenta recuperar, apoiava o nome do deputado Fabio Ramalho (PMDB-MG), o clima esquentou ao ponto de discursos oposicionistas terem sido proferidos por parte da tal Base Aliada. 


A Reforma ainda corre o risco de ser aprovada, na Comissão Especial, a primeira etapa do processo de tramitação na Câmara, com muitas mudanças.  Numa espécie de emendas a Emenda, alterações no tempo de contribuição, distinção entre homens e mulheres, e redução na idade mínima, foram alguns pontos apresentados pelos deputados como exigência para aprovação dela, por ora, na Comissão Especial. Foram 130 emendas entregues pelos parlamentares, sendo que apenas 37 foram assinadas por deputados de partidos oposicionistas. Mesmo assim, o deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da Reforma, deve divulgar, nos próximos dias, seu relatório obviamente favorável às mudanças na Previdência.  
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

No Tribunal Superior Eleitoral, a briga movida pelos perdedores das ultimas eleições presidências de 2014, o PSDB, será, enfim, tramitada pelos ministros do Colégio. Semana passada, o ministro relator, Herman Benjamin, terminou a confecção de um longo relatório. São mais de 1000 páginas em que delações de ex-diretores e ex-presidente da Odebrecht confirmaram que havia inúmeras irregulares nas contas da campanha presidencial da ex-presidente Dilma e do, à época, vice-presidente Temer. No relatório do ministro, ainda há várias citações de que a campanha de Aécio Neves também recebeu quantias parecidas com as da Chapa Dilma-Temer. Fato é que o tiro, de certo modo, saiu pela culatra dos atuais aliados do Governo Federal, PSDB. Mas as coisas caminham e, agora, dependendo da vontade do presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, em relação ao agendamento de sessões no plenário para a tramitação da ação, a Chapa pode, sim, ser cassada e o Temer cair. Inclusive, as intervenções realizadas pelo ministro relator, até o momento, indicam pelo caminho da cassação. Caso isso ocorra, eleições indiretas terão de ser convocadas pelo Congresso Nacional. 


Mesmo com a indicação cada vez mais clara pela cassação, a figura de Gilmar é primordial para o andamento, já que no próximo dia 16 acaba o mandato do ministro Henrique Neves, e o presidente Temer já assinou a nomeação de Admar Gonzaga para a vaga. Admar é ministro substituto no Tribunal e, caso a ação que pede a cassação da Chapa não termine até lá, ele terá que se debruçar sobre o relatório para se inteirar do assunto. O tempo realmente parece estar do lado de Temer, além dessa mudança no próximo dia 16, mês que vem também haverá outra alteração no corpo de ministros no Tribunal. O nome da vez é a da ministra Luciana Lóssio que deixa o TSE no próximo mês, maio.


A figura de Temer é tão controversa que nos faz questionar se em algum período estivemos melhores, se ele não é o “menos pior”, ou o por qual motivo ele está lá. A cada informação que vem de Brasília percebo que ele é mais um, talvez o mais explícito, mas mais do mesmo que há tempos estamos acostumamos. 

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É Claudio, algumas manobras para tentar "flexibilizar" casos específicos, como o dos deficientes e rurais são válidas. Mas ainda assim, é inadmissível exigir 49 anos de trabalho para que se receba aposentadoria integral, se á partir dos 65 a aposentadoria for integral, nos poucos anos que restarem ainda haveria dignidade, da forma que o governo quer, é praticamente o fim da seguridade social, com o trabalhador contribuindo a vida toda e nada recebendo de volta.

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