Ao menos assim tem
sido nos últimos tempos. Pela primeira vez, desde o golpe de Deodoro, em 1889,
temos um presidente da República em exercício denunciado. Paralelo a isto, as
Reformas se mantêm mesmo com a promessa de #GreveGeral30deJunho
A 1ª de 3 denúncias que devem ser entregues pelo procurador
geral da República, Rodrigo Janot, ao STF contra as recentes ações, muitas tardes
da noite, do presidente Temer, já está nas mãos do ministro relator da Operação
Lava Jato no Supremo, Luiz Edson Fachin, e chancela, juridicamente, o pior
momento de Temer desde sua chegada em maio do ano passado. De longe, o
recebimento e a tramitação da denúncia no STF e, daqui a alguns dias, no
Congresso Nacional, não é o mais absurdo ato deste sórdido enredo em que somos
meros, porém indispensáveis, figurantes. Por sinal, enredo “recordiano” em que deus,
“Bog” para Alex em Laranja Mecânica¸
escolhe o protagonista “indestrutível”.
O presidente Temer está no poder a pouco mais de um ano, e
nesse período enfrentou crises, sendo muitas relacionadas à suas escolhas no
corpo ministerial. O rodízio na Esplanada já espantava qualquer um, porém a
cena de Rocha Loures correndo com uma mala que, segundo a PGR, seria entregue a
Temer, ganhou, facilmente, a atenção do povo. A atenção, apenas. Uma atenção
momentânea e pouco crítica. A nossa versão de nosferatu está deliberadamente
falida. O presidente não tem condições mínimas de conduzir, nem mesmo, seu
casamento, quem dirá o País. Aquilo que ele outrora se vangloriava, a
governabilidade, hoje, desmorona sem precedentes. O outro item necessário para
um presidente da República, a legitimidade, isso ele, se tinha, há tempos não
tem mais.
Com a popularidade de 7%, segundo o último levantamento Datafolha, Temer foi denunciado por
crime de corrupção passiva (quando o agente público recebe ou promete algo em
razão da função pública, vantagem indevida) nos inquéritos que investigam as
relações do Poder com o setor empresarial dos “frangueiros” Joesley e Wesley batista da J&F. A denúncia está no STF e, já autorizada pelo ministro Edson
Fachin, segue para a Câmara dos deputados. Lá, a denúncia será discutida e
votada na Comissão de Constituição e Justiça.
Aprovada, ela segue para Plenário da Câmara. Lembrando que estamos
comentando apenas a 1ª de 3 denúncias que, tudo indica, seguirão o mesmo rito.
Desta forma, a sangria será lenta e dolorida, curiosamente, não para Temer, mas
para nós. O “bonde” dos 14 milhões de desempregados ganha integrantes
diariamente e, infeliz e aparentemente, a opinião pública vestiu-se da “crise”,
do termo mesmo, e atribui a ela todos os mais evidentes escândalos e tentativas
de acabar com os poucos direitos conquistados. Neste cenário, o presidente
denunciado, estranhamente, não é considerado um protagonista, mas sim, apenas
mais um do elenco. Tudo é culpa da “crise”.
Enquanto nada acontece, tudo acontece. Numa ponta do
Congresso, na cumbuca para cima de Niemeyer, a Reforma da Previdência está
paralisada e, com o fatiamento das denúncias por Janot, não deve sair este ano.
Na outra ponta, a cumbuca deitada decide sobre a Reforma Trabalhista. Os
senadores discutem a Reforma Trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça,
sob a relatoria do rei das “surubas”, senador Romero Jucá. Para a felicidade do
senso comum que comemora o fim da contribuição sindical, ela deve ser aprovada
na CCJ e, quando menos esperarmos, estará na pauta do plenário do Senado. Se
fosse apenas o fim da contribuição sindical...
Já há um chamamento a uma paralisação na próxima sexta (30) contra
tudo o que se desenrolou desde a chegada de Temer ao Planalto. Ele, o
presidente, disse em seu ultimo pronunciamento que nada o “destruirá”, que não
há provas e que as Reformas não terão seu andamento afetado. O ímpeto de Temer
o fez cair na tentação de subestimar a “bitva”, luta para Alex em Laranja Mecânica, e desconsiderar que a
partir de sexta (30), a sociedade brasileira pode tomar um rumo diferente, mais
crítico, observador e de “bitva” contra o “indestrutível” presidente da
república Michel Temer, em tese, representante do povo.
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