Antes de tudo, gostaria de agradecer imensamente as manifestações em relação á nossa estréia (clique), todas positivas, um apoio que motiva realmente a continuar e um pedido é que apoiem, comentem ou até mesmo questionem, também no texto, para que possamos dar uma dimensão maior do alcance que estamos tendo. 


O nosso segundo entrevistado é outra figura carimbada nas redes sociais, um fanático pelo Grêmio Football Porto Alegrense, ele é Murilo Avila Vieira, 22 anos, da cidade de Santa Vitória do Palmar, na região de Pelotas. Vamos conhecer seus ídolos, não tão ídolos e a história de sua paixão pelo clube. 



Quando foi a primeira vez que tu sentiu, "Sou Grêmio", consegue se recordar?

Sim, foi em 1999. Tinha 4 anos, foi quando ganhei a primeira camisa, do meu avô materno, era a 10 do Ronaldinho. Gostei de cara da camisa, mesmo sem entender, achava linda aquelas cores misturadas.


E tu cresceu numa família de Gremistas? 


Na verdade, meu pai é colorado, minha mãe torceu para o Inter na adolescência. O gremismo foi herdado pelo meu avô materno, ele conseguiu a mesma façanha com os outros dois netos dele, que são meus primos.


E como foi crescer em um "ambiente hostil", numa casa de Colorados?

Foi tranquilo, apesar das gozações do meu pai. Minha mãe hoje em dia é "neutra", pude me vingar no final do ano, graças ao rebaixamento do Internacional e pelo término da seca do Grêmio. Olha, foi sofrido ver eles conquistando tudo em pouco tempo.


Bem, já que tu deu o gancho, diga aí, como foi isso do rival "Campeão de Tudo" e o Grêmio na fila, como tu, jovem, sentiu isso? 

Senti, e como. Pra quem torce de verdade, ver seu time penando e o seu rival conquistando mais títulos, se torna algo muito doloroso. Lembro como se fosse ontem, aquela vitória do Internacional em pleno Morumbi com um show de Sóbis. Pensei: "Acabou a zoeira". Mas isso não me fez deixar de ser gremista, muito pelo contrário, só fortaleceu a paixão. Após a final de Yokohama, vi muitos "torcedores", virarem a casaca, algo que me deixou irritado na época. Resumindo: O gremista dos anos 2000 foi o colorado dos anos 90.


Por falar em dores, como foi a dor da queda? 

Em 2004, acompanhei alguns jogos daquela melancólica campanha, por tudo que ocorreu naquele ano, o rebaixamento já era algo previsto. Elenco ruim, diretoria omissa, polêmicas nos bastidores, falência da ISL e saída do Ronaldinho praticamente de graça, fizeram com que o segundo rebaixamento viesse.


E a "Batalha dos Aflitos", o que foi aquilo? 

Nossa, foi algo incrível. Lembro de estar ajoelhado na frente da TV, após a marcação da segunda penalidade, meu pai do lado, rindo à toa, dizendo que continuaríamos na segunda divisão. Após a defesa do Galatto, saí gritando e correndo para a rua, em seguida saiu o gol do Anderson, aí foi festa total. Um fato inesquecível daquele dia, foi quando meu avô me ligou logo após o término do jogo, e eu chorando, gritando "conseguimos, subimos, é campeão". O dia 26 de novembro de 2005 foi a data da ressurreição gremista.


Se avô lhe apresentou o Grêmio, tu ligou correndo pra ele no alívio do acesso. O que ele representou pra ti? 

Meu avô me ensinou o que é ser gremista. Além de ter me dado inúmeros conselhos. Sinto muita falta dele até hoje, foi muito importante na minha vida e continuará sendo, esteja onde estiver. Mesmo internado, nós sempre comentávamos sobre o Grêmio, relação ótima, sempre considerei como meu segundo pai.


Tu é um torcedor de estádio? 

Infelizmente não como gostaria, pela distância e dificuldade de logística, mas sempre dou meu jeito.


Define torcedor, estar ou não no estádio? Muitos pensam assim. 

Fundamental é, sem torcida um clube não cresce, não evolui. Clube grande não existe sem torcida. Mas nem todos possuem esse privilégio como gostariam. Se morasse na capital, pode ter certeza que estaria em todos os jogos na Arena.


E o que tu pensa das Torcidas Organizadas? 

Penso que são importantes. Pelo motivo de boa parte delas serem fiéis aos clubes, muitas vezes sem receberem nada em troca, assim como nós torcedores considerados comuns. Porém não aprovo as brigas e mortes causadas muitas vezes por rivalidades fúteis. Nunca será preciso brigar para defender as cores do seu time.


Episódio Aranha, quais suas impressões sobre esse fato? 

Um assunto que gera discussões até hoje. Bom, é lamentável vermos até hoje, casos de racismo em qualquer lugar, não só nos estádios. Eu como homem, e torcedor, repudio qualquer tipo de manifestação discriminatória e racista. A respeito do Aranha, todos aqueles que cometeram este ato lamentável, não foram punidos com o rigor da lei, o que não se torna novidade no nosso país. A única pessoa que sofre pelo que causou até hoje, foi a menina que foi flagrada por uma filmagem na hora do grito ecoado. Porém, o Aranha acabou cometendo um erro gravíssimo, generalizou um estado inteiro pela atitude de meia dúzia de pessoas. Sem falar que ele também discriminou jornalistas que talvez fossem homossexuais. Uma pessoa que sofreu racismo, não pode discriminar ou ofender alguém, muito menos generalizar.


Mas fazendo o "advogado do Diabo", será que quando o cara (que já tem toda essa estigma, já deve ter passado por muita coisa nesse sentido) quando ouve a vaia ecoar, não se sente num ambiente hostil?

Com certeza, mas uma vaia não quer dizer uma manifestação racista, muito pelo contrário. Como disse, foi um acontecimento lamentável, porém isolado. Até porque é muita burrice ser racista vivendo num país em que todos, digo todos, são praticamente mestiços ou pardos, ou possuem descendência negra, como eu possuo. E o Grêmio possui inúmeros ídolos negros, cito o Tarciso Flecha Negra que está na lista dos maiores ídolos da história do clube. Mas não posso considerar torcedor, quem fez aquilo.


Certo, voltando a falar de bola, e Renato Portaluppi, o que está achando de seu trabalho? 

Serei sincero. Eu não gostava do Renato técnico, não me passava confiança, e acho que em muitos gremistas também. Como jogador, é incontestável, nosso maior ídolo com sobras. O Renato evoluiu demais, afirmo isso porque ele está infinitamente melhor que nas outras passagens. Mais focado, mais com cara e estilo de treinador. Faltava mais um título para se consolidar como treinador de ponta e respeitado como é hoje. Em 2011, fui um dos que quis a demissão dele, em 2017 faço votos pela permanência até o máximo que puder.


Você acha que esse estilo "marrento" que ele passa, atrapalha a carreira dele? 

Sim, um pouco. Por essa questão de não ser respeitado como deveria, pela mídia e torcida em geral. Esse estilo marrento e falastrão atrapalha sim.


O grande ídolo que tu viu jogar com a camisa do Grêmio?

Marcelo Grohe é um grande ídolo para mim. Por tudo que passou e viveu no clube. Anos na reserva de inúmeros goleiros, quando assumiu a titularidade, Dida foi contratado por indicação do Luxemburgo. Inúmeras propostas, inclusive do exterior e mesmo assim não saiu do clube. Ele representa o torcedor gremista dentro de campo.


E o ídolo que tu gostaria de ter visto jogar pelo Grêmio? 

Um dos ídolos meus que eu gostaria de assistir, e tive o privilégio de ver, foi o Zé Roberto. Mas com certeza, gostaria muito de ter visto todo o time de 95/96 em campo, só que agora em 2017. Além do Renato, é claro.


Todo time tem uma estigma, uma característica, algo que o diferencia, no caso do Grêmio é ser "Copeiro", defina essa estigma gremista? 

Os principais títulos foram em mata-mata, além de ser o maior campeão da Copa do Brasil, campeão invicto em 3 dos 5 títulos. Sem falar que o time cresceu em mata-mata em muitos momentos que ninguém apostava as fichas no Grêmio. Esse espírito copeiro vem da raça e da vontade que é demonstrada não só dentro de campo, mas na arquibancada também.







Fábio Koff

O maior Presidente da história do Grêmio. Então tu poria a mão no fogo por ele? Pelo que fez no Grêmio sim.


Paulo Odone

Péssimo presidente, usou o clube de trampolim.


Valdir Espinosa

Valdir Espinosa nada mais é, do que o homem que mudou o Grêmio. Após Telê e seu time de 77, e o brasileiro de 81, Espinosa montou o esquadrão que conquistou a América e o Mundo. Passamos por várias batalhas épicas, incluindo Estudiantes, Flamengo e Penarol, além da final mundial contra o Hamburgo. Retornou como coordenador técnico e conseguiu junto de toda essa molecada, acabar com uma seca de 15 anos sem títulos de expressão. Um mito. Mas pelo que sei, a decisão sobre sua saída foi acertada.


Danrlei

Mito, goleiraço, maior arqueiro tricolor. Ponho a mão no fogo, fez história no clube.


Victor

Saiu pela porta dos fundos, por causa do Odone e uma negociação que trouxe o Werley (que droga). Merecia ter conquistado algo relevante aqui.


Tite

Lenda, montou uma máquina em 2001 que conquistou o Brasil. Só não conquistou a América em 2002, pelo assalto que tivemos contra o Olímpia. Ponho a mão no fogo, futuro treinador do hexa em 2018, se Deus quiser. Já dava pra saber nessa época que ele seria um dos melhores do mundo, não? Olha, ele havia sido campeão gaúcho com o Caxias em 2000 em cima do próprio Grêmio. Essa campanha surpreendente fez o clube contratar ele.


Luiz Felipe Scolari

Maior treinador do clube ao lado de Foguinho e Telê. Não precisava ter retornado em 2014, mas eu gostei de vê-lo de vola. Mesmo após o 7x1, continua meu ídolo. Ponho a mão no fogo, claro.


Roger Machado

Ídolo, fez muito como treinador aqui. Mas ainda precisa evoluir como técnico. Excelente jogador e ganhou praticamente tudo no clube, respeito demais. Ponho a mão no fogo.



Estádio Olímpico Monumental

Eterna casa, Arena jamais chegará aos pés do velho casarão. Eu se tivesse poder, continuaria por lá.


Romildo Bolzan Jr

Excelente presidente, colocou a casa em ordem. Sabe como comandar bem o clube, fez corte de gastos no começo e está colhendo frutos agora.




Alguma pergunta que eu não fiz, mas tu gostaria que tivesse feito? 

Só perguntas pontuais, sem reclamações. 


Seu recado final pro time, pro torcedor gremista? 

O que eu puder ajudar o clube, seja financeiramente ou simplesmente torcendo, podem contar comigo. E para o torcedor, um abraço bem forte para cada gremista, porque não somos apenas uma torcida. Somos uma família. Agradeço á Jovens Cronistas pela confiança e oportunidade de contar um pouco da minha história com o clube.



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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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