Abaixa, esguicha, não fique no horizonte do procurador-geral da República e de seu “super arco e flecha”
 
A dois dias de encerrar sua intensa participação no comando da Procuradoria-Geral da República, que se encerra no próximo domingo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não esperou o presidente Temer descansar de uma viagem feita por ele à Xambioá, no Tocantins, onde foi lançar as obras de uma ponte sobre o rio Araguaia - que se não for fiscalizada, certamente será usada para esquemas de corrupção parecidos com apresentados nas flechadas – para voltar – se é que em algum momento ele deixou de estar - a disparar suas flechas, termo que em seus últimos dias de mandato tornou-se sinônimo para “denúncia”.  
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)


Como já esperado, Rodrigo Janot enviou as duas denúncias complementares àquela por corrupção passiva, arquivada na Câmara em agosto.  Dessa vez, os crimes implicados por Janot ao presidente Michel Temer são obstrução à Justiça e organização criminosa.   
Imagem: Reprodução / Instagram


Diferente da primeira denúncia, em que Temer foi protagonista solitário, as duas recentes flechadas de Janot trazem figuras de um elenco muito conhecido pela opinião pública. São eles: presidente Michel Temer, ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco; os ex-deputados Rodrigo Rocha Loures e Eduardo Cunha; os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, e os empresários Joesley e Wesley Batista. 


Mesmo enxuto, com apenas nove integrantes, as denúncias são substanciais do ponto de vista do percentual, considerável, de personagens que já estão enrolados com a Justiça. Dos nove denunciados, Rodrigo Rocha loures, “o da mala”, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, “o do bunker”, Henrique Eduardo Alves e os irmãos batista, Joesley e Wesley, já estão “presos”.  
 
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O procurador-geral sustentou a denúncia por obstrução a Justiça também nas gravações feitas por Joesley Batista, quando, altas horas da noite, no subsolo do Palácio do Jaburu, o presidente pediu ao dono da JBS para manter o vínculo com o deputado, já preso, Eduardo Cunha e o silêncio do articulador econômico do PMDB, Lúcio Funaro.  Além do “tem que manter isso, viu?”, o presidente também foi denunciado por formar – para Janot, ele lidera – uma organização criminosa com seus pares de partido na Câmara Federal. Janot garante que o presidente Temer e seus aliados teriam recebido, no mínimo, R$ 587 milhões em propina geralmente pagas com desvios em empresas estatais. 


O “Quadrilhão do PMDB”, como o procurador-geral nomeou o grupo de Temer, teria nascido em 2006 e atuava até os dias de hoje.  Usando-se de cobrança de propina para facilitar o andamento de aprovações na Câmara dos Deputados, além de dar sustentação ao governo - a velha governabilidade, a organização criminosa exposta por Rodrigo Janot praticava a velha politicagem de coalizão. 
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As denúncias foram expedidas em um dia estratégico, nada interessante para o (des)governo, já que o álibi nessas situações constrangedoras para o (des)governo , o ex-presidente Lula,  se antecipou e tomou conta das manchetes na mídia entre quarta-feira (13) e quinta-feira (14), com sua suposta “irritação” e os “puxões de orelha” do juiz Sérgio Moro durante o 2º depoimento dele na Lava Jato. Por erro de cálculo, não conseguiram ajustar o depoimento com as denúncias de Janot, e a imprensa terá de publicar sobre Temer e sua organização mesmo. 


O dia foi tão peculiar e espetacular que, até a divulgação das denúncias, a notícia era a busca e apreensão em endereços do aliado de Temer e responsável pelo ministério da Agricultura, ministro Blairo Maggi. Dono de inúmeras fazendas no Mato Grosso, o ministro, de acordo com investigações, é um dos líderes em um esquema de corrupção no governo mato-grossense e na Prefeitura de Cuiabá. 
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

O Ministério Público Federal investiga a participação de Blairo Maggi em um antigo e forte esquema de corrupção no estado de MT trazido a tona por Silval Barbosa (PMDB-MT), ex-governador de MT entre 2010 e 2014, em delação premiada. Silval foi vice-governador no segundo mandato de Blairo quando ele esteve à frente do governo mato-grossense, entre 2007 e 2010. Para elucidação, Blairo está envolvido no esquema que, recentemente, teve vídeos sendo reproduzidos pela imprensa com prefeitos, agentes públicos, deputados e secretários recebendo malotes de dinheiro em espécie (VÍDEO ABAIXO).


 
Vídeo: Youtube / Canal "Notícias e Informações" 

As denúncias protocoladas pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot seguem o mesmo caminho: a Câmara dos Deputados. Ambas passam pelo mesmo processo da primeira denúncia, aquela por corrupção passiva: encaminhamento do STF para a aprovação ou não na Câmara dos Deputados. E isso só deve ocorre na próxima semana, já com Raquel Dodge à frente da Procuradoria-Geral da República.


Assim como na primeira denúncia, essas também carregam acusações que, no mínimo, devem ser investigadas. Isso, além dos envolvidos já não serem “réus primários”. Parece complexo, mas não é. Falta apenas ação popular mesmo.  

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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