Na “super quarta” da Política brasileira, Lula não se saiu mal, Janot ganha algumas novas flechas e Rafael Braga, o do “Pinho Sol”, volta para casa


É no esporte que às vezes se tem aquele dia que, por acumular muitas partidas simultâneas de determinada prática esportiva, ganha o prefixo “super” nas chamadas e comentários. Na “super quarta” da Política, com Lula prestando depoimento ao juiz federal Sérgio Moro e Supremo Tribunal Federal julgando a permanência do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no comando das investigações contra o presidente Michel Temer, os alentos vieram com o pôr-do-sol. O ex-presidente, mais uma vez, deixou Curitiba sem nenhuma novidade, o STF presenteou Janot com novas flechas para o seu arco e Rafael Braga, preso durante as manifestações de 2013, volta para casa com tuberculose para cumprir sua pena de 11 anos de reclusão, agora, em regime domiciliar. 
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Lula. Antagônico a tudo que a política e seus representantes andam construindo, o único político a se aventurar nos braços do povo – legitimo povo -, em caravanas e manifestações, acredite, é um condenado pela justiça e esteve à frente do País por oito anos. Lula, com 9 anos e 6 meses de condenação pesando em suas costas, optou por viajar de carro até o segundo encontro com seu algoz, juiz federal Sérgio Moro, para responder, mais uma vez, perguntas toscas como se ele, uma figura pública que obviamente utiliza dos serviços de um contador, sabia ou não do pagamento do aluguel de um apartamento de propriedade de Glauco da Costa Marques, primo de José Carlos Bumlai – empresário e amigo de Lula -, no mesmo prédio em que ele mora, em São Bernardo do Campo, em São Paulo. 


Nesta situação, os acusadores pediram ao acusado, o ex-presidente Lula, que apresente comprovantes dos pagamentos. Em outros tempos, o acusador era quem tinha a obrigação de apresentar provas para sustentar a acusação. 


Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)
Em pouco mais de duas horas de depoimento, o ex-presidente martelou, com toda a razão, na ausência de provas por parte dos investigadores. Obrigado a comentar o depoimento do ex-ministro Antônio Palocci dado a Lava Jato na semana passada, quando o ex-ministro sem nenhuma benesse legal acordada entre ele o Ministério Público, por livre e espontânea vontade e poucos dias antes do depoimento desta quarta-feira (12), falou de um “pacto de sangue” entre o ex-presidente e Emilio Odebrecht, Lula foi intimado a ir até Curitiba para dar explicações sobre as negociações envolvendo um terreno para a construção de uma sede para o Instituto Lula. O terreno não foi comprado, mas o Ministério Público investiga a possibilidade de que a negociação não faria parte de um programa de propinas. 


O mesmo país que deu a oportunidade ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, por meio de caixas de papelão e malas com dinheiro em espécie, e corridinha com mala também com dinheiro, respectivamente, de mostrarem ao povo com é o “ser corrupto”, não consegue, ao menos até o momento, fazer o mesmo com as acusações contra o ex-presidente Lula. A elucidação trazida sobre Geddel e Loures, de longe, superam o envolto do ex-presidente. Assim como no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a opinião pública não compreende o mérito desses tais julgamentos.


Recomendo o depoimento na íntegra – DISPONIBILIZADO NO FINAL DO ARTIGO -, para que percebam que nada houve de diferente. Réu e juiz, neste caso, conversando sobre nada fundamentado. 


Analisando a dificuldade dos investigadores em apresentar provas robustas, se o ex-presidente cometeu alguma ilicitude, não foi relacionado à tríplex, sítio no interior de SP e terreno para sede de instituição. 
 
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

Janot. Enquanto Lula conversava com Moro no Paraná, quase que paralelamente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o sujeito das adegas, não precisou ir ao plenário do STF para receber suas novas flechas. Ele mandou seu vice, o vice-procurador-geral Nicolao Dino.  


As derradeiras flechas de Rodrigo Janot, que deixa a Procuradoria no próximo domingo (17), foram entregues pelo STF que recusou, por unanimidade, o pedido da defesa do presidente Michel Temer em suspender o procurador nos casos relacionados a Temer. 


Os ministros decidiram pela continuidade de Rodrigo Janot que deve enviar mais uma denúncia, agora por obstrução a Justiça, contra o presidente Michel Temer por, segundo o MPF, ter tentado comprar o silencio do deputado cassado Eduardo Cunha, naquele “tem que manter isso, viu?” que todo o povo brasileiro ouviu. Ao menos, eu ouvi. 


Rodrigo Janot chega ao fim de seu mandato denunciando boa parte da classe política com seus vários “quadrilhões”, e arquivamentos enigmáticos e incompreensíveis como a ação contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR), naquela gravação em que ele comentava como o ex-senador Sérgio Machado sobre “estancar a sangria”, interpretada como uma ameaça às ações de investigação, também ouvida por todo o povo brasileiro. 


Comenta-se que Rodrigo Janot tentará o governo de Minas Gerais no próximo ano. Isso certamente depois de passar pelo escritório de advocacia que presta serviços aos irmãos batistas. Ou será que o encontro no botequim foi sem nenhuma intenção?



Mesmo com tuberculose, é melhor voltar para casa
 
Imagem: Mídia Ninja

Rafael Braga, preso em meio às manifestações de 2013 por suposto porte de artefato explosivo – desinfetante “Pinho Sol” e água sanitária –, condenado a 5 anos prisão em regime fechado,  convertido em regime aberto no fim de 2015. Com o uso de tornozeleira eletrônica, Rafael passou menos de um mês na rua até ser pego, novamente, pela Polícia Militar. Era janeiro de 2016 quando os policiais afirmaram ter encontrado com Braga a quantia de 0,6 grama de maconha e 9 gramas de cocaína, que o levaram a condenação por crime de tráfico de drogas e 11 anos de reclusão.


Nesta quarta-feira (13), a defesa de Braga conseguiu que o Supremo Tribunal de Justiça convertesse o regime, de fechado para domiciliar, e Rafael segue para a casa de sua mãe, também no Rio de Janeiro.  Rafael teria contraído tuberculose no presidio. 


A existência de incoerências envolvendo o julgamento de Rafael, muitas vezes, paralelas a notícias de bastardos de desembargadoras que, pegos em situações mais incriminatórias, são encaminhados a clinicas de tratamento, ou políticos corruptos alegando serem doentes, só nos provoca a refletir os caminhos já tomados pela sociedade brasileira para traçarmos, imediatamente, outra rota. 

Depoimento do ex-presidente Luis Inácio Lula

 Vídeo: Youtube/ Canal "Portal Brasil Notícias"


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Claudio Porto

Jornalista independente.

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