A saída para o atual estado de coisas está em atos
simples como ouvir, ler e perceber as contrariedades nos discursos
O Brasil pós-manobra política que levou Temer ao poder
parece confuso, mas não o é. Para tudo há uma razão. Nada é por acaso. Se
preferir um dito popular, aqui vai: “não é dado ponto sem nó”. Não há nada
menos pragmático, para a maior parte da sociedade brasileira, que a polarização
que divide o País e mantém o status quo.
A edição de domingo (25) do jornal Folha de S. Paulo trouxe recente pesquisa de opinião sobre a intervenção na segurança pública do Rio. O Datafolha aponta que 76% dos cariocas apoiam a intervenção, sendo que 71% disseram que ainda não conseguem enxergar resultados. No mesmo dia em que a pesquisa foi divulgada e estampou capa do diário paulista, a dita intervenção de Temer e do coronel Braga Netto completou um mês e nove dias. Foram, até então, 37 dias de uma intervenção comandada por militares do Exército, focada em apenas uma comunidade, a Vila Kennedy, no extremo da Zona Oeste carioca. A Vila Kennedy só se assemelha com outras comunidades cariocas no quesito pobreza e na elevada presença de pessoas pardas/negros. Ela tem um terreno plano, sem morro e com ruas largas, diferente de outros pontos do Rio. Há vielas, porém poucas.
Os militares prometem deixar a Vila Kennedy nas próximas semanas, após terem feito por lá o que eles consideram como “teste” da intervenção. Lembremos que brasileiros foram fichados e barracas de comerciantes locais destruídas – a Prefeitura de Marcelo Crivella, aquele prefeito “feinho”, aproveitou a força dos milicos para aplicar parte de sua política higienista.
Já no período sob intervenção, o Rio viu sua 5ª vereadora
mais votada, mulher, negra e defensora dos Direitos Humanos, executada com nove
tiros na cabeça, levando junto o motorista, pai de família que deixou esposa e
filho pequeno. A intervenção também não conseguiu – e, infelizmente, não
conseguirá – acabar com a presença de pais e mães de famílias chorando a morte
de crianças na tevê e capas de jornais. Ela tampouco fará algo pelos jovens, adultos
e idosos que se vão trivialmente nas comunidades e áreas próximas. Para a força
policial o aviso é mesmo de sempre: “subam os morros, atirem e morram”. Parece
sequência lógica e, infelizmente, é mesmo.
A força policial brasileira ao mesmo tempo em que é a que mais mata é também a que mais morre. Somente neste ano, no Rio de Janeiro, foram 30 agentes das polícias militares e civis assassinados. Resultado à política de enfrentamento que mostra-se ineficaz, infelizmente através do pior dos sinais: com mortes.
Por não conter plano que utilize da inteligência, da
cooperação entre as forças de segurança e de ação principalmente preventiva, o
discurso de combate à violência é vazio, inócuo. E esse discurso credenciou um candidato,
militar da reserva e deputado federal pelo estado do Rio há 26 anos, a
concorrer o posto de presidente da República.
E mais, ele está bem colocado nas pesquisas de intenção de voto –
atualmente é segundo colocado, atrás apenas do ex-presidente Lula que não deve
ter a candidatura deferida pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Apesar do longo tempo como deputado federal pelo Rio de Janeiro e do discurso, também inócuo, de combate à violência, o candidato recorre ao terror, ao autoritarismo e à divisão para impor uma agenda retrógrada de soluções vazias.
Para tanto, os acontecimentos violentos envolvendo a passagem da chamada “Caravana de Lula”, que já esteve na região nordeste do País e nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e que nos últimos dias passou pelos estados da região Sul, estão aí para mostrar, na prática, como é perigoso o discurso do candidato autoritário e que não mede palavras.
Vestidos com camisetas e bonés estampados com a imagem ou o nome do dito “mito” das redes sociais, portando pedras e alguns com armas de fogo, manifestantes impediram a passagem da Caravana por algumas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Isso, movidos não por ideias democráticas de oposição à figura do ex-presidente, mas porque estão cheios de um ódio alimentado por figuras políticas ainda piores, com históricos mais sujos quando comparados com os que estão na mira das desmedidas ações de violência.
Houve, acredite, manifestante contrário à Lula chicoteando estudantes
e jornalistas no interior do RS. E mais recente, já na noite de terça (27), um
atentado contra a vida do ex-presidente Lula no interior do Paraná. Dois dos
ônibus que compõem a Caravana foram
atingidos por disparos e tiveram pneus furados por pregos jogados na estrada, na
saída da cidade de Quedas do Iguaçu, no Paraná.
O clima eleitoral atingiu inclusive o presidente Temer que
dizia não candidatar-se à reeleição e agora será candidato. À revista Istoé, o presidente-nosferatu disse que
será sim candidato para defender seu desastroso “legado” e já estrutura a
segunda “Ponte para o Futuro”, seu programa de (des)governo. Apesar dos indicadores
econômicos favoráveis, mais por conta da ainda recessão de quase 27 milhões de
brasileiros em busca de trabalho – entre desempregados e subempregados – e pela
falta de investimento – é fácil reduzir a inflação e taxas de juros enquanto
corta-se investimentos e sucateia-se tudo.
Veja a repercussão do apagão elétricos nas regiões Norte e Nordeste na semana passada. Mesmo que o jornalista José Simão tenha trazido em um dos seus “Breaking News” que teria sido falha de um estagiário da Eletrobrás , acredito que foi mais daquelas ações deliberadas para promover a necessidade de privatização, que não por acaso já está tramitando no Congresso Nacional.
E mais, o presidente-nosferatu Michel Temer, chefe do (des)governo, também está desesperado com a possibilidade de ficar sem foro privilegiado a partir do próximo ano e ter de dar explicações à Justiça comum, de procuradores e juízes que não se atém a provas e expedem condenações a torto e a direito.
O Brasil parece não acreditar em seus brasileiros e vice-versa. A ordem (des)governamental estabelecida sobre as instituições, do Estado às famílias, tem dificultado vislumbrar bons dias. E concordo que é realmente difícil tal movimento quando tudo parece confuso, como tem sido os últimos dois anos. Mas, a saída está em atos simples como ouvir, ler, perceber as contrariedades de nossos discursos e permitir não se exaltar, mas rever pensamentos e, por que não, ceder. Mais do nunca é preferível ser a “metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
As últimas agitações políticas deixam ilesos os
brasileiros desinformados. Aqueles que acompanham o noticiário certamente carregam
dúvidas e questionamentos sobre o estado presente e futuro do País. A dita
intervenção eleitoreira de Temer na Segurança Pública do Rio não tem surtido
efeito que não mais violência. O único político de origem popular e que ainda
caminha entre o povo, o ex-presidente Lula, está na iminência de ser preso e o
presidente-nosferatu Temer está para lançar sua segunda “Ponte para o Futuro”.
Imagem: "Brasil de Fato" / Chargista Latuff; |
A edição de domingo (25) do jornal Folha de S. Paulo trouxe recente pesquisa de opinião sobre a intervenção na segurança pública do Rio. O Datafolha aponta que 76% dos cariocas apoiam a intervenção, sendo que 71% disseram que ainda não conseguem enxergar resultados. No mesmo dia em que a pesquisa foi divulgada e estampou capa do diário paulista, a dita intervenção de Temer e do coronel Braga Netto completou um mês e nove dias. Foram, até então, 37 dias de uma intervenção comandada por militares do Exército, focada em apenas uma comunidade, a Vila Kennedy, no extremo da Zona Oeste carioca. A Vila Kennedy só se assemelha com outras comunidades cariocas no quesito pobreza e na elevada presença de pessoas pardas/negros. Ela tem um terreno plano, sem morro e com ruas largas, diferente de outros pontos do Rio. Há vielas, porém poucas.
Os militares prometem deixar a Vila Kennedy nas próximas semanas, após terem feito por lá o que eles consideram como “teste” da intervenção. Lembremos que brasileiros foram fichados e barracas de comerciantes locais destruídas – a Prefeitura de Marcelo Crivella, aquele prefeito “feinho”, aproveitou a força dos milicos para aplicar parte de sua política higienista.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
A força policial brasileira ao mesmo tempo em que é a que mais mata é também a que mais morre. Somente neste ano, no Rio de Janeiro, foram 30 agentes das polícias militares e civis assassinados. Resultado à política de enfrentamento que mostra-se ineficaz, infelizmente através do pior dos sinais: com mortes.
Apesar do longo tempo como deputado federal pelo Rio de Janeiro e do discurso, também inócuo, de combate à violência, o candidato recorre ao terror, ao autoritarismo e à divisão para impor uma agenda retrógrada de soluções vazias.
Para tanto, os acontecimentos violentos envolvendo a passagem da chamada “Caravana de Lula”, que já esteve na região nordeste do País e nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e que nos últimos dias passou pelos estados da região Sul, estão aí para mostrar, na prática, como é perigoso o discurso do candidato autoritário e que não mede palavras.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Vestidos com camisetas e bonés estampados com a imagem ou o nome do dito “mito” das redes sociais, portando pedras e alguns com armas de fogo, manifestantes impediram a passagem da Caravana por algumas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Isso, movidos não por ideias democráticas de oposição à figura do ex-presidente, mas porque estão cheios de um ódio alimentado por figuras políticas ainda piores, com históricos mais sujos quando comparados com os que estão na mira das desmedidas ações de violência.
Rodovias fechadas e ataques, incluindo o uso de bombas e
disparos com armas de fogo, sobre a Caravana
e simpatizantes estão entre as ações dos manifestantes que, em sua maioria,
eram produtores rurais, muitos certamente beneficiados pelas políticas de
incentivo a produção rural, com linha de crédito especial nos bancos estatais,
implantadas nos governos petistas. Em muitas das imagens, tratores e 4x4 davam corpo
às manifestações contrárias a presença do ex-presidente.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
O ex-presidente Lula está em Caravana primeiro porque precisa defender-se das acusações
infundadas no campo jurídico, já que a mídia que o ataca omite o ainda apoio
popular que ele carrega, impedindo, inclusive, que ele fale. E segundo porque,
apesar de a Lei vetar, está em plena campanha eleitoral, assim como Brasil, do
Congresso Nacional que ainda não iniciou o ano legislativo deste ano ao
presidente da República, também pensa apenas nas eleições de outubro.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Veja a repercussão do apagão elétricos nas regiões Norte e Nordeste na semana passada. Mesmo que o jornalista José Simão tenha trazido em um dos seus “Breaking News” que teria sido falha de um estagiário da Eletrobrás , acredito que foi mais daquelas ações deliberadas para promover a necessidade de privatização, que não por acaso já está tramitando no Congresso Nacional.
E mais, o presidente-nosferatu Michel Temer, chefe do (des)governo, também está desesperado com a possibilidade de ficar sem foro privilegiado a partir do próximo ano e ter de dar explicações à Justiça comum, de procuradores e juízes que não se atém a provas e expedem condenações a torto e a direito.
O Brasil parece não acreditar em seus brasileiros e vice-versa. A ordem (des)governamental estabelecida sobre as instituições, do Estado às famílias, tem dificultado vislumbrar bons dias. E concordo que é realmente difícil tal movimento quando tudo parece confuso, como tem sido os últimos dois anos. Mas, a saída está em atos simples como ouvir, ler, perceber as contrariedades de nossos discursos e permitir não se exaltar, mas rever pensamentos e, por que não, ceder. Mais do nunca é preferível ser a “metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Vídeo: Reprodução / Canal "Cleiton Villa", no Youtube;
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É Claudio, tem a questão da Marielle que como eu disse num texto meu, há Seres que por CANALHICE insistem em tratar como se a sua militância em defesa dos POBRES (que para os elitistas, muitos deles também pobres) não tivesse sido a razão para a encomenda de seu assassinato e por tabela de Anderson.
ResponderExcluirAgora, irão tratar como "anormal" a defesa de que não se deva tentar matar o adversário político ou que seja a sua liberdade de ir e vir, de manifestação política e de expressão. Esta "gente" que se alcunha "de bem" está fora de controle, deixando tudo ao contrário do mínimo que se poderia considerar de civilizado.